que podemos esperar da Ciência para 2023

A technician installs fibre-optic cables at the Vera Rubin Observatory, which is due to take its first images in 2023. Credit: H Stockebrand/Rubin Obs/NSF/AURA

Com tantas novidades surgindo de maneira exponencial, quais as que mais devem impactar o nosso ano de 2023? De acordo com algumas análises, entre as principais apostas estão: vacinas de mRNA, financiamento climático, o tão aguardado pouso na lua, edição genética. Mas tem muito mais!!! 😀

Vacinas de última geração: Após a implantação bem-sucedida de vacinas de mRNA durante a pandemia de COVID-19, uma grande variedade de vacinas passou a ser desenvolvida. Espera-se que a BioNTech em Mainz, na Alemanha, inicie os primeiros testes em humanos para vacinas de mRNA contra malária, tuberculose e herpes genital nas próximas semanas. A BioNTech também está colaborando com a Pfizer, com sede na cidade de Nova York, para testar uma vacina candidata baseada em mRNA para reduzir a taxa de herpes-zoster. Moderna em Cambridge, Massachusetts, também tem candidatos a vacinas de mRNA para os vírus que causam herpes genital e herpes zoster.

Em novembro de 2022, a BioNTech e a Pfizer iniciaram seu teste de fase I de uma vacina de mRNA projetada para proteger contra o COVID-19 e a gripe. A vacina combinada contém cadeias de mRNA que codificam proteínas de ligação para SARS-CoV-2, Omicron BA.4/BA.5 e quatro variantes de influenza.

Outros estão investigando a possibilidade de fornecer vacinas COVID-19 usando sprays nasais de ação rápida. Esses sprays têm sido eficazes em animais, mas o caminho para testes em humanos pode ser longo.

Observação avançada de estrelas: Quem se lembra das imagens espetaculares tiradas pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST)? Algumas das descobertas dele sobre o início do universo foram publicadas neste ano, e os astrônomos continuarão a compartilhar os resultados e descobertas do telescópio sobre a evolução das galáxias no próximo ano.

Outra inovação neste sentido é o telescópio espacial Euclides, em desenvolvimento pela Agência Espacial Europeia (ESA), que irá orbitar o Sol por 6 anos para capturar imagens e gerar um mapa 3D do Universo. O projeto deve iniciar já em 2023, bem como a missão de espectroscopia e imagem de raios-X da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão – um satélite em órbita da Terra que detectará radiação de raios-X de estrelas e galáxias distantes.

O Observatório Vera Rubin, no Chile, é outro que deve começar a captar imagens em julho do ano que vem. O telescópio, que tem um design especial de três espelhos e uma câmera contendo mais de três bilhões de pixels de detectores de estado sólido, será capaz de escanear todo o sul do céu em apenas três noites. E o Xinjiang Qitai Radio Telescope (QTT) em Xinjiang, China – considerado o maior telescópio do mundo – será ligado. O prato totalmente direcionável do QTT, com 110 metros de extensão, permitirá observar 75% das estrelas no céu a qualquer momento.

Literalmente o espaço parece que será “desnudado”…rs ☺️

Missões lunares: E já que teremos maior conhecimento das “estradas espaciais”, vamos aproveitar e sair para novas viagens! 🚀

A cápsula Orion não tripulada da NASA mergulhou de volta à Terra em 11 de dezembro, e assim como ela, outras três missões foram lançadas em direção à Lua: o rover Rashid dos Emirados Árabes Unidos, a lanterna lunar da NASA e a japonesa HAKUTO-R Mission 1, que tentará um pouso lunar suave em abril. A terceira missão de exploração lunar da Organização de Pesquisa Espacial Indiana, Chandrayaan-3, pousará perto do polo sul em meados de 2023. O próximo ano também presenciará a primeira viagem civil à Lua, com 11 pessoas embarcando em um voo espacial privado de 6 dias, no foguete Starship da SpaceX.

E, também em abril, a ESA lançará sua missão Jupiter Icy Moons Explorer (JUICE), que terá como objetivo estudar o ambiente do gigante planeta gasoso e três de suas luas.

Lista de observação de patógenos: Espera-se que a Organização Mundial da Saúde publique uma lista revisada de patógenos prioritários. Cerca de 300 cientistas revisarão as evidências em mais de 25 famílias virais e bacterianas para identificar patógenos que poderiam causar surtos futuros. Os roteiros de pesquisa e desenvolvimento para cada patógeno prioritário irão delinear as lacunas de conhecimento, definir as prioridades de pesquisa e orientar o desenvolvimento de vacinas, tratamentos e testes de diagnóstico. Que possamos evitar novas pandemias ou ao menos, estarmos melhor preparados para elas, não é? 🙏

Terapia CRISPR: O próximo ano pode anunciar a primeira aprovação de uma terapia de edição genética CRISPR, depois dos resultados promissores de ensaios clínicos que usaram o sistema CRISPR-Cas9 para tratar dois distúrbios genéticos do sangue a β-talassemia e doença falciforme. As empresas Massachusetts Vertex Pharmaceuticals em Boston e CRISPR Therapeutics em Cambridge, juntas estão trabalhando em tratamento exagamglogene autotemcel (exa-cel) que consiste em coletar as próprias células-tronco de uma pessoa e usar a tecnologia CRISPR-Cas9 para editar o gene defeituoso, antes de infundir as células de volta na pessoa. Espera-se que a Vertex se candidate à Food and Drug Administration dos EUA em março para aprovação e disponibilizar o exa-cel para pessoas com β-talassemia ou doença falciforme. E você que já está pensando que esta tecnologia pode ser usada para que pais escolham cor de pele, olhos, tipo e cor de cabelos de seus bebês, pode até estar certo. Mas antes disto, considere o quanto de sofrimento poderá ser minimizado… 👏

Perdas e danos: O acordo com o fundo de perdas e danos durante a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27) em Sharm El-Sheikh, no Egito, em novembro, foi dado um passo importante em direção à justiça climática. Sob o acordo, os países ricos que têm sido historicamente responsáveis ​​por altas emissões compensarão financeiramente os países mais pobres, que sofreram o impacto das mudanças climáticas. Contudo, os detalhes ainda não foram analisados. Espera-se que um ‘comitê de transição’ se reúna antes do final de março para fazer recomendações sobre como organizar esses fundos, que serão apresentados aos delegados de todo o mundo durante a conferência COP28 das Nações Unidas em Dubai em novembro próximo. Iniciativa muito justa. Espero que os interesses econômicos dos países mais ricos não continuem prevalecendo… 🤔

Além do modelo padrão da Física: Os físicos divulgaram os primeiros resultados do experimento múon g-2 em abril deste ano e devem publicar resultados mais precisos em 2023. O experimento estuda como partículas de vida curta conhecidas como múons se comportam em campos magnéticos e cria um teste sensível do modelo padrão da física de partículas.

O Observatório Subterrâneo de Neutrinos de Jiangmen, no sul da China, também começará a procurar por física além do modelo padrão, usando um detector mantido a 700 metros de profundidade para medir com precisão a oscilação de neutrinos – partículas subatômicas eletricamente neutras.

Outro evento altamente esperado para os físicos de partículas é a abertura da European Spallation Source (ESS) perto de Lund, na Suécia. O projeto paneuropeu irá gerar intensos feixes de nêutrons para estudar a estrutura dos materiais, usando o mais poderoso acelerador linear de prótons já construído. A ESS receberá os seus primeiros investigadores no próximo ano. O que será por vir neste complexo mundo da Física? Einstein estaria “pirando” hoje… 🤯

Medicamentos para Alzheimer: uma das doenças mais debilitantes do cérebro, é também um dos maiores focos de pesquisas pelo mundo. No  início de janeiro, os reguladores dos EUA anunciarão o Lecanemab, uma droga que diminuiu a taxa de declínio cognitivo em um robusto ensaio clínico que pode se tornar disponível para pessoas com Alzheimer. Desenvolvido pela empresa farmacêutica Eisai e pela empresa de biotecnologia Biogen, o Lecanemab é um anticorpo monoclonal que limpa a proteína β-amilóide que se acumula no cérebro. O ensaio clínico incluiu 1.795 pessoas com Alzheimer em estágio inicial e mostrou que o medicamento retardou o declínio mental em 27% em comparação com um placebo. No entanto, alguns cientistas acham que isso é apenas um benefício modesto e outros estão preocupados com a segurança do medicamento.

Outro medicamento para Alzheimer, chamado Blarcamesine – desenvolvido pela Anavex Life Sciences na cidade de Nova York – continuará a passar por testes clínicos. Blarcamesine ativa uma proteína que melhora a estabilidade dos neurônios e sua capacidade de se conectar uns com os outros. Que estes cientistas possam ter seus caminhos iluminados e progridam em suas pesquisas!

Armazenamento de combustível contaminado usado:  Por último, mas não menos importante, conheça a primeira instalação de armazenamento de lixo nuclear do mundo que deve começar a funcionar em 2023 em Olkiluoto, uma ilha na costa sudoeste da Finlândia. O governo finlandês aprovou a construção do repositório subterrâneo profundo em 2015, para descartar com segurança o combustível nuclear usado. Até 6.500 toneladas de urânio radioativo serão acondicionadas em latas de cobre, que serão cobertas com argila e enterradas em túneis de granito a 400 metros de profundidade. O material nuclear permanecerá selado lá por várias centenas de milhares de anos – quando os níveis de radiação serão inofensivos.

Muito interessante, não acha?

Fonte: Nature.

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Renato Grau

Engenheiro, futurista e especialista em Transformação Digital

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